Transtorno mental: como seu dentista pode ajudar?

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2019, havia um bilhão de pessoas que viviam com transtornos mentais, sendo 14% destes, adolescentes. Estima-se ainda que só no primeiro ano da pandemia de COVID-19 esse número tenha aumentado para 25% em casos de depressão e ansiedade.
Fonte: https://news.un.org/pt/story/2022/06/1792702#:~:text=A%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da%20Sa%C3%BAde,2019%2C%20sendo%2014%25%20adolescentes

Ainda segundo a OMS: ”Os transtornos mentais são caracterizados por uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, que também podem afetar as relações com outras pessoas.

Sendo assim, podemos pensar que em algum momento de nossas vidas podemos ser acometidos por algum tipo de transtorno mental.

A ida ao consultório dentário pode desencadear uma série de sentimentos que variam do medo ao pânico, passando pela ansiedade. Isso se deve ao fato de a Odontologia ter tido, por muito tempo, um caráter mutilador. Muitas pessoas associam os procedimentos odontológicos à dor e, em algumas situações, o dentista pode lançar mão da prescrição de medicamentos para que alguns tratamentos possam ser realizados.

O cirurgião-dentista é um profissional que constantemente se depara com manifestações bucais em pacientes com transtornos mentais, como ansiedade, depressão, estresse ou ainda manifestações bucais decorrentes do uso de alguns medicamentos neurológicos. Um bom exame clínico, incluindo uma escuta generosa, é fundamental para que o tratamento dessas manifestações bucais seja efetivo. Por exemplo, pessoas com ansiedade apresentam a tendência a fazer apertamento dos dentes e até mesmo bruxismo, em alguns casos, o que causam dores na articulação temporomandibular e sem um cuidado interprofissional, essa condição não melhora. Como esses pacientes costumam descuidar da higiene bucal, em geral, escovando rapidamente os dentes e /ou com força, tornando-os mais suscetível à doença cárie e retrações gengivais-uma das principais causas da sensibilidade dentinária.

Ainda no campo dos transtornos mentais, o estresse traz muitos prejuízos à saúde bucal. Por exemplo: com a diminuição do fluxo salivar e consequentemente a diminuição da resistência às bactérias, aumenta a incidência de cáries dentárias. O estresse também diminui a imunidade do indivíduo e pode desencadear o aparecimento de aftas e herpes.

Pacientes com depressão apresentam muita dificuldade em procurar atendimento odontológico pela própria condição em que se encontram: desânimo, tristeza e perda do prazer e, não raro, são acometidos pela cárie e pela doença periodontal. Com frequência, os pacientes com depressão recorrem ao uso do tabaco - aumentando, assim, seus problemas bucais - e o uso prolongado de medicamentos também provoca boca seca, favorecendo o aparecimento de cáries.

Os transtornos alimentares, especialmente a bulimia, merecem atenção especial e também causam prejuízo à saúde bucal. A ingestão de grande quantidade de alimentos e a provocação do vômito em seguida causa uma queda do PH salivar (ácido) tornando o ambiente propício para a erosão dentária, além das cáries.

É importante que o tratamento das pessoas com transtornos mentais seja feito de maneira multi e interprofissional. Os profissionais envolvidos podem e devem construir um plano de tratamento singular para que sejam contemplados variados aspectos e assim haver uma integralidade do cuidado, visando à autonomia do paciente.

No complexo mundo da mente humana muitas são as formas de cuidar e se pudermos unir nossos saberes, teremos aí a complexidade do cuidado ”.